domingo, julho 24, 2005

Guess, guess, guess who's back?

Deixo os comentários para os meus caros colegas.

"FIEL OU INFIEL?"
"Programa ultrapassa os limites do razoável"
Para o sociólogo Eduardo Vítor Rodrigues, trata-se provavelmente do conteúdo mais violento da televisão portuguesa. Alta Autoridade já recebeu três queixas.

A fazer fé nas audiências, parece que o público, de uma maneira geral, gosta do programa "Fiel ou infiel?" que actualmente a TVI exibe duas vezes por semana, à sexta e ao domingo. Mas, há também quem conteste a moralidade do programa e tenha apresentado queixa na Alta Autoridade para a Comunicação Social.
Segundo o JN apurou, esta entidade está a analisar três queixas e na próxima quarta-feira tomará uma decisão sobre o programa. "Fiel ou infiel?" é apresentado pelo brasileiro João Kléber, rosto do mesmo programa que vai para o ar no Brasil há mais de quatro anos, e testa a fidelidade dos casais. Trata-se de um programa que põe à prova a resistência da carne e a fidelidade ao homem ou à mulher com quem se é casado ou se vive.

Para Eduardo Vítor Rodrigues, sociólogo e professor de Sociologia na Universidade do Porto, o programa tem todos os ingredientes para ter sucesso. E porquê? Porque "ali vale tudo, ou seja, o interesse são as consequências sociais do programa, vive-se muito a ideia de ver onde o outro chega". Mas, o sociólogo acha também que o êxito do programa da TVI "está associado à vontade tipicamente portuguesa de observar o que se passa na casa do outro". Considera, no entanto, que o programa ultrapassa todos os limites do razoável, classificando-o de "violento, em termos emocionais".

Para lerem o artigo completo, cliquem aqui.

E já agora... Viva a Sociologia! Por tudo e por nada!

2 Comments:

At segunda-feira, julho 25, 2005 11:36:00 da manhã, Blogger MB said...

Bem, parece que a nossa "pressão" começou a surtir efeito. Pelo menos já vai utilizando uns termos mais técnicos tipo "Consequencias sociais"... Pelo menos não se fica pelo laconico "o frota e actor".
No entanto esta-se a tornar repetitivo, se repararem bem utilliza sempre o mesmo argumento para todos os reality shows que "analisa": " o exito do programa "está associado à vontade

 
At terça-feira, setembro 06, 2005 1:12:00 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Atento ao debate aqui presente sobre a adequação discursiva aos contextos e aos veículos de informação no campo sociológico, sinto-me motivado a participar.
Num momento em que a Sociologia nem sempre tem merecido a auscultação devida sobre muitos problemas sociais (substituída por discursos mais “populares” e “basistas”), urge encontrar as razões de tal “desprezo” algumas vezes gritante. Embora a tendência pareça inverter-se, a verdade é que nem sempre é pacífico (nos veículos de informação não especializados) um certo modelo de hibridez cognitiva, assente numa conceptualização elaborada que parece pouco preocupada em se fazer compreender quando se encontra perante veículos “generalistas” e “light”. De facto, a densidade conceptual de uma análise não se revela numa coluna generalista de jornal ou em citações avulsas, a não ser que haja necessidade de afirmar o que mais ninguém vê. Há outros locais e outros meios para o efeito.
Não deixa, no entanto, de ser um debate interessante: “Vale a pena legitimar “análises” sociais com um vocabulário menos denso teoricamente, tendo em conta o público-alvo, pretensamente menos munido?”. Eu até acho que não e tenho todas as reservas quanto à utilidade sociológica de tais análises. Mas, como também acho que a alternativa é muitas vezes pior… Valerá a pena assumir, ao invés, uma descolagem “provisória” e contextualizada das conceptualizações híbridas e do fechamento do campo, que muitas vezes aparenta esconder “elitismos ideológicos”? Penso que Braudel explica isto melhor do que eu.
De facto, em cada momento há um dilema: quando se aprofunda o discurso e a análise menos entendem o raciocínio (quando o há…); quando se aligeira a linguagem em função das características sociais do público-alvo (não só do jornal, mas do tema), desiludem-se as elites. Eu também prefiro a primeira. Mas a tentação de não ser um maçador enciclopedista a falar aos “peixinhos” também não é desprezível.
De facto, é híbrido o meio-caminho entre a “humildade intelectual” e o “pretensiosismo conceptual” que, muitas vezes, tentando fechar o campo, disfarça fragilidades empíricas e incapacidade compreensiva. Quem não se faz entender, dificilmente se entende a si próprio. E quem não ousa adequar um pouco o seu discurso ao público-alvo, promove uns bacocos “etnocentrismos cientifistas”. Mais uma vez, acho que o Braudel e o Popper explicariam isto melhor do que eu. Aliás, quem lê exames, sabe bem que, em muitos casos, os reis andam nus.
Muitas ciências sociais têm resistido pouco à tentação de se tornarem “mediáticas”. É mau. Mas também me parece que quando resistem, tendem a exagerar no fechamento em “arquipélagos” do saber. Repito: não ouso pensar em encontrar numa coluna de jornal (com citações avulsas e muitas vezes “ajustadas” à estruturação da peça jornalística) o âmago da análise sociológica. Essa pretensão poderia esbarrar com o raciocínio indecifrável que, como tal, se subverteria.
É um debate interessante, ainda mais “dentro” do campo sociológico. Eu tenho suficiente motivação epistemológica e ontológica para me disponibilizar para participar numa tal sessão de debate, repito, aberto ao campo e onde estas questões sejam problematizadas (sim, problematizadas, porque não ouso pensar que alguém já tenha descoberto as verdades absolutas…). De desafios também se faz o processo de discussão sobre a ciência.
Os meus cumprimentos (ou será melhor dizer: as minhas manifestações socialmente aceites de uma relação social assente no respeito pelas regras sociais vigentes, traduzidas em símbolos e práticas com conotações e denotações dominantes!!). Seja como for, os meus cumprimentos.
Eduardo Rodrigues

 

Enviar um comentário

<< Home