Portugal e o Eterno Retorno
Em Agosto do ano passado escrevi aqui no blog uma coisita sobre o que se adinhava então em termos de presidenciais. Agora que a campanha começou, vale a pena recordar alguns argumentos...
O confronto Mário "Alzheimer" Soares Vs. Cavaco "Boca Cheia de Bolo-Rei" Silva pode ser bastante útil para aprofundar a refexão sociológica em torno do sistema político português. Sugiro um ponto de partida, que é este breve historial da política portuguesa nos últimos 20 anos:
- 1985: Governo de Mário Soares
- 1986: Presidente da República - Mário Soares
- 1987: Governo de Cavaco Silva
- 1991: Governo de Cavaco Silva; Presidente da República - Mário Soares
- 1995: Governo de António Guterres; vários membros do Governo integraram o Governo de Mário Soares
- 2002: Governo de Durão Barroso, ex-ministro dos Governos de Cavaco Silva; vários membros do Governo integraram os Governos de Cavaco Silva
- 2005: Governo de José Sócrates, ex-ministro dos Governos de António Guterres; vários membros do Governo integraram os Governos de António Guterres
- 2005: Cavaco Silva anuncia candidatura à Presidência da República, com o apoio do PSD de Marques Mendes, ex-ministro dos seus Governos e actual líder do PSD
- 2005: Mário Soares anuncia candidatura à Presidência da República, com o apoio do líder do PS e Primeiro-Ministro, José Sócrates
- 2006: ??? (os votos contam-se só no fim...)
Não sabendo ainda o que vai acontecer no próximo dia 22, é possível ver nesta cronologia um eterno retorno quase surreal. Pretexto para repicar bibliografia sobre elites políticas, para reler o clássico de C. Wright Mills, A Elite do Poder, para nos perguntarmos por que razão são "sempre os mesmos", que especificidades do campo político português levam a que se assista a uma tal reprodução das lideranças e das elites políticas portuguesas. Somos efectivamente pequeninos? Ou o campo está estruturado como um sistema (quase) hermético? Como quebrar o círculo em que parece estar presa a história recente da política portuguesa?
Uma boa discussão para o blog e, porque não?, para uns trabalhitos de Sociologia Política...
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