sexta-feira, abril 11, 2008

"Banana phone"



O "Improv everywhere" (http://improveverywhere.com/) é um grupo de Nova Iorque que realiza "missões" em espaço público com o intuito de chocar e animar as pessoas através de actuações inesperadas. Este grupo inspirou a criação de muitos outros, com o mesmo objectivo, por todo o mundo. Como exemplo das missões podemos ver as mais recentes, a missão do "banana phone" em que 70 "agentes" vão para um centro comercial e usam uma banana como se fosse um telefone, noutra os "agentes" realizam um musical numa zona de restauração, ou até a mais famigerada missão em que centenas de agentes permanecem 5 minutos paralisados na Grand Central Station. Todas estas missões, com uma dinâmica muito similar à dos clássicos "apanhados", apesar do seu marcante carácter humorístico podem ser encaradas como experiências sociais e por isso tornam-se interessantes para um olhar mais detalhado da sociologia ou até da psicologia social. Em quase todas elas, os "agentes" quebram normas e rotinas, efectuam uma ruptura com o quotidiano do "mundo da vida"(Schutz) e com condutas consideradas adequadas nos diversos espaços sociais escolhidos. Havendo uma quebra com as mesmas, os diferentes actores não envolvidos nas actuações tentarão entender os tão estranhos fenómenos para posteriormente os integrarem na sua própria construção mental da realidade. No caso do "Banana Phone" alguns indivíduos chegam a perguntar aos "agentes" o que se está a passar. Numa época em que os objectos de consumo são marcados efemeridade e diversidade o "Banana Phone", aos olhos dos actores socais seria provavelmente apenas mais uma moda em volta de um novo produto. O facto do espaço social ser um centro comercial ou seja um espaço de consumo reforça esta inferência. Deste modo as perguntas de certos actores sociais e até a explicação de um dos agentes torna-se assim muito legítima. O factor quantidade possuiu também nesta missão um peso preponderante. Se esta fosse constituída por um ou dois agentes, estes seriam provavelmente classificados de "parvos" mas havendo 70 agentes o fenómeno ganha uma maior credibilidade. Portanto, a quantidade de agentes e o contexto social onde esta se desenvolve acaba por influenciar o resultado da inferência.