segunda-feira, agosto 29, 2005

Correio dos Leitores

Recebemos uma interessante carta de uma das nossas leitoras/comentadoras mais assíduas, da qual passamos a publicar alguns trechos:

"(...) Estou muito satisfeita por ter encontrado este espaço para desenvolver as minhas perspectivas sociológicas sobre a sociedade portuguesa e por ter interlocutores à altura. (...) A razão de ser desta carta está ligada ao aparecimento de dois novos reality shows nos canais de televisão nacionais: "Esquadrão G" e "Senhora Dona Lady". (...) Gostaria de perguntar aos vossos especialistas se estes programas têm, como os outros já comentados neste espaço, a ver com a compulsão dos portugueses para o voyeurismo e para meter o nariz na vida dos outros ou se, pelo contrário, se tratam de manifestações do crescente fenómeno de esteticização do quotidiano e de afirmação do pluralismo identitário e sexual das sociedades hodiernas. (...) Espero obter algumas opiniões acerca deste assunto e continuar a colaborar convosco.
Beijinhos,
Goretti, cabeleireira e presidente da APCCS (Associação Portuguesa das Cabeleireiras Cientistas Sociais)"
.

Aceitam-se sugestões de resposta a esta interessante questão da nossa cara amiga. Não vale publicar a opinião primeiro no JN.

terça-feira, agosto 16, 2005

Para quem acabou ou está agora a acabar o curso (despachem-se, seus preguiçosos!), eis uma hipótese de enriquecimento pós-cursístico (e uma oportunidade para andar mais uns tempos pela FLUP a conviver com os colegas):

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM
ANIMAÇÃO E MEDIAÇÃO CULTURAL

Coordenador
João Teixeira Lopes


PLANO DE CURSO

1º Período
Correntes actuais da animação e mediação sócio cultural
Metodologias da Animação e mediação sócio-cultural (I)
Metodologias da Animação e mediação sócio-cultural (II)
Políticas Sociais e Estado-Providência no Portugal Contemporâneo
Estratégias e Intervenção Sócio-cultural no Espaço Público Urbano
Produção e Gestão Culturais
Movimento Associativo e Novos Movimentos Sociais

2º Período
Animação e Mediação Sócio-Cultural em contextos Institucionais (I)
Animação e Mediação Sócio-Cultural em contextos Institucionais (II)
Animação e Mediação Sócio-Cultural em contextos Institucionais (III)
Animação e Mediação Sócio-Cultural em contextos Institucionais (IV)
Projecto de Animação e Mediação Sócio-Cultural

Candidaturas
02 a 23 de Novembro de 2005

Início das aulas
22 de Fevereiro de 2006


Contacto
Mónica Pissarro
Departamento de Sociologia
Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Via Panorâmica, s/n, 4150-564 Porto
Tel. 22 60 77 100/ Fax 22 60 77190
Email:
ds@letras.up.pt

terça-feira, agosto 02, 2005

Cavaco Vs. Soares... Onde é que eu já vi isto?

O recente anúncio de que Mário Soares pondera recandidatar-se à Presidência da República, enfrentando o homem dos (quase) tabus, Cavaco Silva, é uma óptima oportunidade para aprofundar a refexão sociológica em torno do sistema político português. Sugiro um ponto de partida, que é este breve historial da política portuguesa nos últimos 20 anos:

- 1985: Governo de Mário Soares
- 1986: Presidente da República - Mário Soares
- 1987: Governo de Cavaco Silva
- 1991: Governo de Cavaco Silva; Presidente da República - Mário Soares
- 1995: Governo de António Guterres; vários membros do Governo integraram o Governo de Mário Soares
- 2002: Governo de Durão Barroso, ex-ministro dos Governos de Cavaco Silva; vários membros do Governo integraram os Governos de Cavaco Silva
- 2005: Governo de José Sócrates, ex-ministro dos Governos de António Guterres; vários membros do Governo integraram os Governos de António Guterres
- 2005: Cavaco Silva anuncia candidatura à Presidência da República (falta pouco, não se preocupem!), com o apoio de Marques Mendes, ex-ministro dos seus Governos e actual líder do PSD
- 2005: Mário Soares anuncia candidatura à Presidência da República (falta pouco, não se preocupem!), com o apoio do líder do PS e Primeiro-Ministro, José Sócrates

Um eterno retorno quase surreal. Pretexto para repicar bibliografia sobre elites políticas, para reler o clássico de C. Wright Mills, A Elite do Poder, para nos perguntarmos por que razão são "sempre os mesmos", que especificidades do campo político português levam a que se assista a uma tal reprodução das lideranças e das elites políticas portuguesas. Somos efectivamente pequeninos? Ou o campo está estruturado como um sistema (quase) hermético? Como quebrar o círculo em que parece estar presa a história recente da política portuguesa?
Uma boa discussão para o blog e, porque não?, para uns trabalhitos de Sociologia Política...