Madeira 30 anos de A(uto)nomia
Grupo de Estudantes de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Realiza-se hoje, pelas 18h30, na Sala de Reuniões da FLUP, a apresentação pública do novo livro do sociólogo José Machado Pais, Nos Rastos da Solidão. Deambulações sociológicas. Publicado pela Ambar, este novo livro será apresentada pela Professora Isabel Dias.
"Da torre de Babel às terras prometidas: pluralismo religioso em Portugal"
Na sequência da visita ao nosso país e à Faculdade de Letras do sociólogo espanhol Miguel Martínez - o qual tem vindo a desenvolver trabalho na área da sociologia da cidade e dos movimentos sociais urbanos -, foi publicado na secção "Working Papers" do site do Instituto de Sociologia um novo texto, intitulado “La Especulación urbana: persistencias estructurales y resistencias sociales".
Intervalo do telejornal, nunca tive paciência para publicidade, agarrei o comando carreguei num botão e numa fracção imperceptível de tempo o canal mudou e com ele o mundo. Uma torre fumegante e ao canto direito do ecrã surge um avião... O resto da história já conhecem, viram com os próprios olhos, têm uma memória cronológica detalhada do que aconteceu, guardam a imagem da bola de fogo, do colapso das torres, dos gritos,, das faces de desespero, da avalanche de poeira a correr pelas ruas, do silêncio pontuado pelo som das sirenes de alarme, sobrepostas pelas palavras frenéticas do comentador . Tenho a certeza que conseguem invocar o arrepio que sentiram. Tudo isto faz parte da memória da nossa geração, conseguem relacionar-se com o evento de uma forma pessoal, faz parte da nossa memória individual e ao mesmo tempo da nossa memória colectiva.
Halbwach definiu esta memória colectiva como uma corrente de pensamento continuo, que não tem nada de artificial e hetero-imposto, uma vez que retém do passado apenas o que ainda está “vivo” e é capaz de se manter assim na consciência do grupo que viveu o acontecimento, que o mantém presente.
Com efeito, na nossa memória colectiva não existem linhas de separação traçadas como acontece na História. O presente não se opõe ao passado, como quando distinguimos dois períodos históricos próximos. Mas como esta memória assenta sobre um grupo limitado no espaço e no tempo inevitavelmente passará à “História” adquirindo um caracter Universal. As gerações vindouras irão apenas ter acesso às interpretações do acontecimento, a significados hetero-impostos, porque como sabemos a história veicula sempre as visões e pretensões daqueles que a registam.
Não tenho memória do 25 de Abril de 1974, tudo o que sei retive do discurso de terceiros, de visões pessoais de quem o viveu e do que é transmitido pela História. Vi imagens, ouvi testemunhos emocionados, mas por mais que tente, não consigo alcançar o que terá sido vivê-lo. Não sei o que é viver com medo e por conseguinte é-me difícil entender, como os Meninos de Huambo “o que custou a liberdade.” Mas guardo-a como um tesouro, como uma herança, porque felizmente a nossa geração tem o privilégio de contactar directamente com aqueles que a sonharam e alcançaram. Mas jamais saberei o que sente alguém desse tempo, quando ouve “Grândola Vila Morena”... A ponte 25 de Abril, nunca foi para mim Ponte António de Oliveira Salazar.
No pós 11 de Setembro tentam nos roubar um pouco dessa herança, de um momento para o outro inventaram uma nova espada de Démocles para nos manter controlados. Corremos o risco de passar às gerações futuras apenas a ilusão da liberdade, censura disfarçada pelo prefixo auto... Tal como a colega do Post anterior, não defendo a censura e por isso mesmo acho que tudo deve ser dito...
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