Um desejo para o novo ano: que 2007 passe mais devagar que 2006.
Creio, todavia, tratar-se de um desejo de difícil concretização, dada a compressão a que o tempo tem sido sujeito nos últimos anos. Nunca como hoje o tempo correu tão rápido. E enquanto não inventarem um retardador do tempo ou uma máquina para viajar nele e assim reviver o passado (só os momentos bons, claro, ou aqueles que não conseguimos viver com a intensidade e o prazer que desejaríamos), não me parece que venhamos a conseguir contrariar a sua voragem.
"Dar tempo ao tempo"... Eis uma expressão que pouco sentido faz actualmente. Que é feito do tempo em que o tempo simplesmente não passava ou passava tão devagar que tudo parecia sereno, quase imutável? Hoje, o quotidiano é cronófago. E porque é cronófago, é também antropófago. Devora o tempo que nos devora a nós. E nós, impotentes, deixamo-nos devorar. Que mais poderíamos fazer? Nada podemos contra o tempo...
Não podemos parar
o tempo e não podemos parar
no tempo. Poderemos resistir-lhe? Resgatar ao tempo o tempo que o tempo nos tira? Talvez chegar a um acordo? Mas depressa, que estamos a ficar sem tempo.